DEPENDÊNCIA EMOCIONAL, A TIRANIA INTERIOR.
"Quando amar significa sofrer, estamos amando demais."
"Amar se torna demais quando nosso parceiro é inadequado, desatencioso ou inacessível e, mesmo assim, não conseguimos abandoná-lo." −Robin Norwood−
A dependência emocional é o medo da liberdade e se caracteriza por comportamentos submissos, falta de confiança, dificuldade em tomar decisões, inabilidade para expressar desacordos e por um temor extremo ao abandono, à solidão e à separação.
É uma tirania encarregada de construir nossa prisão interior mediante alianças com o medo, a passividade, a negação da realidade e os sentimentos de culpa. Faz parte do caráter e se nutre de circunstâncias desafortunadas na infância de cada um. A dependência emocional se manifesta no comportamento afetivo, sexual, profissional e econômico.
O noivado, a lua de mel, “os casais perfeitos” ou as famílias sem problemas são idealizações que não se sustentam por muito tempo. A discussão franca pode gerar dor, raiva e dúvidas, porém é a única maneira de se chegar ao fundo das diferenças. Calar ou conciliar por comodidade, para não se incomodar, ou por justificativas com: “não vamos estragar bons momentos” é um grande erro. Impede a solução dos problemas.
A realidade nos demonstra que as famílias mais enfermas são aparentemente impecáveis. Ninguém levanta a voz, não se discute, não há grandes diferenças ou se fala apenas com toda educação e ponderação. Os sentimentos são secundários, a adequação é mais importante. Ao revés da realidade.
Nessas famílias onde tudo aparenta harmonia e doçura, compreensão, cozinham-se, em segredo, grandes rancores e profundas frustrações.
Na família profissional, se o empresário intui a necessidade de empreender grandes mudanças para superar dificuldades, mas espera que forças externas executem as ditas mudanças, a falência ronda. A crença dos dependentes inclui: “Para que me incomodar, questionar a honestidade, criticar minha funcionária, exigir mudança de meu cônjuge, falar claro e com sentimento ao meu filho se isso pode causar desequilíbrio? Deixa como está que funciona.”
Homens e mulheres dependentes que baseiam suas eleições de par no socialmente aceitável, levam grandes sustos quando descobrem a mediocridade por trás da fachada.
Escolhas baseadas em adequação que correspondam ao que é esperado de nós são catastróficas, pois não levam em consideração os sentimentos reais.
As piores escolhas ocorrem quando baseadas primordialmente no atrativo físico ou no poder econômico. Cedo ou tarde essas relações se convertem em algo insuportável.
Através do medo da liberdade se perpetua a dependência emocional e é confirmado o aprisionamento.
Quando tais circunstâncias geram angústia e/ou depressão, é provável que para aliviar tais sintomas seja necessário tratamento psicológico. É importante saber que o alívio dos sintomas é apenas o começo de um processo profundo de auto-conhecimento.
Um dos primeiros passos no processo de independência é combater a fascinação pela comodidade: "EU QUERO SER LIVRE, PORÉM NÃO QUERO RENUNCIAR À MINHA COMODIDADE".
Isso é obviamente impossível, pois a liberdade é conquistada através de empenho cotidiano. Assim como a recuperação de qualquer outra dependência.
Pensamos que dependência, adicção, pertencem apenas às drogas, ao álcool e ao jogo. Tal conceito é errôneo. A dependência emocional, assim como outras, provoca os mesmos sentimentos de perda, depressão, ansiedade, falta de coragem, submissão que as dependências químicas. E é trabalho a ser realizado pelo resto da vida, assim como quem tem asma precisa sempre estar alerta para uma possível crise. Não tem cura, tem recuperação. É muito perigoso, pois é progressivo. É a "doença" do "ainda": ainda não fez coisas insanas, mas vai acabar fazendo, podendo até levar à morte por causa da tensão excessiva que é causada por esse "vício". Sozinhos não podemos lidar com esse transtorno; só através de grupos de auto-ajuda e com psicoterapia. Não apenas as mulheres são acometidas por esse transtorno, os homens também. Eles se apresentam obcecados pelo trabalho, por esporte ou por hobbies, até mesmo por outras dependências, como o álcool e as drogas. As mulheres, por forças culturais e biológicas, são mais acometidas desse mal, com forte tendência a se tornarem dependentes de relacionamentos com homens complicados, difíceis e distantes. Transformam-se em “infelizes por profissão”.
"Se quisermos mudar nossa vida, é mais importante mudarmos as atitudes do que as circunstâncias. A menos que mudemos as atitudes, é improvável que as circunstâncias, realmente, possam mudar um dia." Robin Norwood
Conquista tua liberdade, ama de verdade os demais, porque um dependente emocional não conhece o amor real, conhece a necessidade. Os outros não são como você imagina, aceita-os como são e promove questionamentos se forem necessários, mas embasados em problemas também reais e não em tuas carências.
Conquista tua liberdade. Valoriza-te, evita frustrantes dependências, não te anules e não deixes que ninguém te anule ou anule tua vontade. E, consequentemente, não deixes que alguém se anule ao teu lado. Só alguém livre pode criar relações serenas e construtivas nas quais se vive o verdadeiro amor. E só terás a certeza de ser amado se tiveres contigo alguém que fica por que quer e não por que precisa. "UNIR-SE SEM IGUALAR”.